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Covid-19: Estudo sugere que, mesmo após segunda dose de vacina, fumantes ativos tem resposta imune menor

Por sua vez, deixar de usar cigarro aumenta a proteção do imunizante

*Com Informações: O Globo | Imagem: Pixabay

Um estudo realizado por pesquisadores japoneses do Utsunomiya Hospital e da Jichi Medical University apontou que fumantes correm o risco de ter uma resposta imunológica mais baixa que o restante da população após receber a vacina contra a Covid-19. Os resultados foram divulgados após a análise preliminar com 378 profissionais de saúde, com idades entre 32 e 54 anos. Também foi constatado que pacientes mais velhos tinham menos anticorpos que os mais novos.

Os pesquisadores analisaram os níveis de anticorpos protetores induzidos pela vacina da Pfizer, usando amostras de sangue obtidas cerca de três meses após a aplicação da segunda dose.

A primeira constatação do estudo foi a proporção de anticorpos em relação a idade, algo que já foi detalhado em análises anteriores. Pacientes mais velhos acabam desenvolvendo menos anticorpos que os mais novos. Mas depois de levar em consideração a idade, os únicos fatores de risco para níveis mais baixos de anticorpos eram sexo masculino e tabagismo.

Os pesquisadores especulam que a diferença de sexo não esteja relacionada a fatores biológicos, e, sim, porque as taxas de tabagismo eram duas vezes mais altas nos homens do que nas mulheres: 61% das pessoas do sexo masculino que participaram do estudo fumavam, contra 31% do sexo feminino.

— O cigarro não é bom para nada e tem relação com pelo menos 45 doenças. Nós sabemos que existem receptores de nicotina espalhados pelo corpo inteiro, inclusive no baço, órgão importante relacionado ao linfócito T (célula com função imunológica). Acredito que a diminuição de anticorpos tenha a ver com a ação do cigarro nestes órgãos associados ao sistema imunológico — diz Jaqueline Scholz, cardiologista e diretora do programa de tratamento do tabagismo do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP).

“Para esclarecer os efeitos do tabagismo, realizamos análises adicionais. No entanto, o Índice de Brinkman (que mede a exposição ao tabaco) e o número de cigarros por dia não influenciaram os níveis de anticorpos. Assim, fumar em si é um fator de risco para níveis baixos de anticorpos, ao invés da duração do fumo ou do número de cigarros por dia.”, escreveram os pesquisadores.

Os cientistas observaram, no entanto, que ex-fumantes apresentaram um resultado imunológico melhor do que fumantes ativos. Por isso, eles sugerem que parar de fumar reduzirá o risco de apresentar menos anticorpos após a vacinação.

— As pessoas precisam se antecipar às más notícias para pararem de fumar. Esta é mais uma evidência dos malefícios do cigarro — pontua Scholz.

O estudo ainda não foi revisado por pares. Os cientistas afirmam que são necessárias mais pesquisas para confirmar as conclusões do trabalho.